Enfim, uma notícia que parece ter sido feita sob medida para o Brasil: há uma grande possibilidade de haver vida no planeta Vênus!

Atentos às possibilidades que essa descoberta com certeza irá gerar num futuro ainda que obscuro – o que não é nada para um país que tem sempre colocado o seu futuro no pretérito – já há quem esteja planejando a organização futura da área que, proporcionalmente, o país deverá reivindicar no novo ambiente bio espacial.

Sim! Em Brasília, cientistas que não estão alinhados às ideias ultrapassadas de Galileu e Copérnico, já delimitaram a equivalência em m2 da área que se supõe muito rica em recursos naturais (de Vênus, é obvio) dada a experiência que está sendo demonstrada ao mundo da nossa inigualável capacidade de terraplanar biomas, ideais, princípios e cânones e valores de quaisquer jaezes (!).

Antecipando a chegada de pessoas no novo planeta, já se estabeleceram estratégias para deixar o terreno plano e árido para ocupação e desfrute: por cautela, qualquer indício de vida anterior – que pode se tornar um foco incomodo de direitos a posteriori – serão imediatamente aniquiladas, não deixando margem para outras ocupações e esbulhos que não sejam aquelas entendidas como consistentes com a doutrina geopolítica que, enfim, será asfaltada, ou melhor, implantada no nosso latifúndio pretérito.

Na nave que afinal nos levará ao pretérito, os representantes da plutocracia reinante, já confirmaram sua participação: ao contrário dos pares de animais da Arca de Noé, a nave do país embarcará sua concepção ampliada para a sobrevivência das espécies que interessam.

Afinal, sobrepujando quaisquer teorias sociológicas de natureza concêntrica, mais importante que seres individuais ou espécies são as famílias, as castas, que apresentam, sob o prisma cripto liberal, economias de escalas e externalidades endógenas e exógenas, mais condizentes com o Novo Mundo que já se está a formatar entre nós.

Famílias de banqueiros; famílias de representantes de classes produtoras (mais importantes do que os meros empreendedores schumpeterianos e que ainda creem nas fábulas de empreender inovando); famílias representativas das arcaicas representações dos extintos poderes do Executivo, Legislativo e Judiciário; famílias representativas de vários estamentos paramilitares que tenderão a substitui, subjugando as formas antigas de representação das forças de defesa convencionais; representantes de facções ainda clandestinas que se encontram aquarteladas em áreas delimitadas e segregadas no país…

Nada muda para quem não pertencer a esses grandes estamentos: tal como hoje.

Podem, com esforço e denodo, se aliarem às hostes já consagradas para não ficar com aqueles que, na ida à Vênus, ficarão onde sempre estiveram: à margem e ao largo de quaisquer processos ou esforços de inclusão.

Afinal o Estado é de quem gera os recursos para bem sustentá-lo e melhor mantê-lo: o Estado é das famílias!

É assim desde a Casa Grande: sempre grande para si e muito pequena para as aspirações pequeno-mundistas de quem se imagina em condição de ser incluído.

A verdade, é que a ESCALA de quem quer emergir fugiu do controle há já algum tempo: e o custo de capital para assegurar a sua manutenção é crescentemente proibitivo.

Ainda havia esperança na Equação Malthusiana: parte dela, a do descompasso entre oferta e demandas de alimentos se cumpriu.

Mas, a parcela das pragas, miasmas e outras aberrações, não tem conseguido manter contraído o denominador dos indicadores de distribuição da renda, despesas, e produto e, por extensão, de endividamento.

E há aberrações evidentes quando se fala de políticas públicas de impactos: veja-se das reformas que desde os anos 60 do século passado, de reclamam; ou o caso (mais nuclear) do Programa Renda Brasil.

O que elas têm em comum?

Imagine-se que se está a reclamar – no caso das reformas – que se mantenham os privilégios assegurados desde a Coroa, de certa forma. O que queriam? Fazer a Reforma Administrativa COM o sacrifício das classes privilegiadas? Fazer a Reforma Tributária tornando mais progressivo o Imposto de Renda? Fazer a Reforma Previdenciária incluindo os que mantêm a ordem e a defesa do Estado e as CASTAS dos demais poderes da República?

E, pior – aberração as aberrações – fazer o Programa Renda Brasil tirando renda dos mais ricos (veja só: se fosse até o lucro das empresas, que é resultado do que se ganha ao final, até vá lá…pois a gente repassa os gravames para os preço dos bens e produtos).

Mas querer imposto sobre o estoque de riquezas dos acionistas, dos donos do capital. Das famílias?

Daqui a pouco se corre o risco de aparecerem aqueles doidivanas como nos EUA e Europa pedindo para serem mais tributados: olhe só o mau exemplo!!!

Tudo bem que é importante e tal e coisa: mas, é um péssimo precedente. Daqui a pouco vão se convencer que para haver capitalismo de verdade é preciso haver tributação progressiva de renda!

Mas, em Vênus, tudo será diferente.

Poderemos fazer até o cripto liberalismo florescer como JAMAIS floresceu, mesmo quando o inventaram.

Vamos dar o exemplo, sublimando o fato que a Teoria Econômica foi feita sob a lógica dos países que mandam na economia. Os mesmos que hoje detém 80 % de todas as relações comerciais e financeiras internacionais. Éramos o que deveríamos sempre ser: apêndices da produção deles (extensões territoriais e para ocupação e exploração ou, no máximo, para fazer parte das cadeias de produção das economias centrais mundializadas).

Esse era o combinado que nossos jovens rapazes talentosos que querem entrar em “nossas famílias” continuam a querer implantar em Brasília.

Enfim, Vênus está logo aí!

Quem não se locupletar agora, que se junte à massa informe que continuará a grassar e a gramar no Brasil.

O resto é uma magnífica história que tinha tudo para dar certo mas deu no que deu: que pena!