Um dos conceitos mais simples – e ao mesmo tempo mais completo – de planejamento é o de “pensar antes de agir”…

Houve época, onde a atividade econômica era planejada e se estabeleciam metas e indicadores para acompanhar, avaliar e ter base para reavaliar planos e programas: boa parte da reconstrução econômica do mais recente pós-guerra, em 1945, não teria havido se os fartos meios de natureza fiscal, monetária, econômica e financeira disponibilizados não houvessem sido drenados através de exequíveis e competentes Planos de Reconstrução Econômica. Ou de instituições focadas em cuidar para que cada tipo de ação e atividade recebesse o recurso correspondente, usasse, prestasse conta… não só para que se redirecionasse o que estava dando errado quanto para avaliar QUEM executava as ações estabelecidas.

Até no Brasil, ao final dos Anos 40 e nas três décadas seguintes, os diversos Planos, Programas e Projetos de Cooperação Internacional e mesmo aqueles elaborados no país – do Plano de Metas ao PAEG, o Trienal, os PND e os vários Planos nas áreas de infraestrutura de telefonia e comunicações, energia, mobilidade e transportes, petróleo e gás, águas e saneamento, habitação e daí por diante.

Muito antes disso, um pensador econômico percebeu que, se só uma pessoa executasse todas as atividades necessárias para fazer 01 (um) alfinete, produziria ao final de um dia, no máximo, talvez uns 20 alfinetes. Se dividisse as funções, faria centenas. E até o limite da deseconomia de uso dos meios disponíveis para a produção, poderia produzir milhares.

Outro prócer dele descobriu que, se ao invés de produzirem os mesmos produtos e serviços os países se especializassem apenas o que tivessem maior produtividade e eficiência a oferecer ao mercado, haveria ampliação das possibilidades de comércio e de acumulação de riquezas, em âmbito macroeconômico. No aspecto empresarial Taylor e Fayol ampliariam e universalizariam estes fundamentos inerentes às várias faces da chamada divisão internacional do trabalho (que tem aspectos fatoriais, setoriais, funcionais e espaciais).

Outra forma de relevar a máxima de pensar antes de agir é atentar para os seus limites: na filosofia houve quem ainda nos anos setecentos observasse algo como pensar sem agir leva à esterilidade; mas, agir sem pensar leva à catástrofe…

Outra dimensão tem a ver com as Escolas de Samba: poucos sabem que elas já foram tema de estudos por parte de formuladores das escolas de administração. Isto porque sempre chamou a atenção “como” pessoas que ensaiam por ALAS – o mais das vezes separadas, devido ao tamanho dos antigos barracões de antigamente – pudessem realizar um desfile com tempo marcado e mais de 3.000 figurantes de todos os tipos, com uma precisão cirúrgica!

Mas, o que tudo isso tem a haver com DESIGN THINKING ou com HARMONIA?

Estamos prestes a gerar para a Academia e para o mundo corporativo, um “case” que será acompanhado ao vivo, on line real time, de “como as boas intenções e os fundamentos mais sólidos podem ser exemplarmente fulminados” porque não se atendeu a uma regra ancestral da GESTÃO CORPORATIVA: o planejamento das ações ANTES de sua execução.

Trata-se exatamente, do “Desenho Organizacional” do Ministério do novo governo.

É certo – hermenêuticamente – que poderíamos ter 11, 12, 17, 29 ou até 40 Pastas de Governo: se não sabemos, ex ante, pelo menos, “o quê” se quer fazer…tanto faz o número! Por certo vamos agrupar de modo estanque “pessoas” e não as suas “funções”…

Gerencialmente, o pecado mortal é não dividir o ministério em DUAS PASTAS, apenas: a PASTA QUE PLANEJA e a PASTA QUE OPERA!

Ou, como se faz em múltiplas organizações: UMA PASTA CORPORATIVA – que provê o que e quais o meios que se usará para atingir determinados fins e UMA (ou MAIS) PASTAS OPERATIVAS.

Nos dois “desenhos” se tem apenas DUAS CABEÇAS: a TERCEIRA, que desempata os entreveros, os pitis, os conchavos, as vaidades, as idiossincrasias de toda a ordem, enfim, costuma ser o CEO ou, no caso republicano, o Presidente (ou um colegiado de Conselheiros, civis ou não, se for este o caso)…

Mas, a base de TUDO, é definir muito claramente “o que se quer fazer”!

Supondo que TODOS saibam “o que se quer fazer” – e todas as derivadas que lhes são inerentes, tais como aqueles pequenos detalhes do tipo “como fazer”, “com que” recursos, em “quanto tempo”, ou “como medir, avaliar e corrigir” – em segundo lugar, é imperativo segregar as funções de cada um: se quem faz, também planeja, opera, avalia e corrige, quando o CEO perceber, OU perdeu o cargo OU, pior, quebrou a empresa (ou o país).

Veja-se o caso mais agudo, toda a hora debatido e repetido ad nauseam…retomar os investimentos na economia.

Você é o Investidor ou o Empresário, o Financiador, o Produtor e o Fornecedor das soluções, e pensa: quais serão as suas obrigações frente ao mais importante Marco Legal existente num país (a sua Carta Magna, ou a sua Constituição: vale o que está escrito?); sobre o seu investimento, quais serão os impostos diretos e indiretos que vou ter que pagar nos três níveis de competência de governo? Como irei firmar os Contratos de Trabalho com os meus empregados e como os meus executivos? Quem decide sobre eventuais problemas de leniência?

Os três poderes respeitam seus limites e suas competências? O pacto federativo existe e funciona? A sociedade respeita as leis? Quais os índices de IDH e de violência que devo expor meus capitais e colaboradores, sócios e demais participantes do esforço de investimentos?

Ah, tudo bem: em 06 (seis) meses tudo isso estará decidido e – vários road-shows depois – estaremos em 2021, prontos para atrair capitais e assegurar investimentos: é isso?

Qualquer estudante que tenha com foco desenvolver projetos em áreas de atividade que requeiram INOVAÇÂO e AUMENTO DA PRODUTIVIDADE – e não apenas no nível universitário, ressalte-se – hoje em dia se utiliza da ferramenta do DESIGN THINKING: qual seja, o que a mais frugal das referências (WIKIPEDIA) define como o conjunto de métodos e processos para abordar problemas, relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções.

Quem está ou esteve fazendo o DESIGN THINKING naquela primeira reunião dos ministros na Granja do Torto: não se viu os papeizinhos coloridos pendurados no QUADRO DE CORTIÇA, e nem se soube se os ministros se reuniram em grupos para deslindar e digerir a limites e restrições fiscais e orçamentárias a que estarão sujeitos em suas áreas de atividade para que só DEPOIS pudessem em sã consciência se atrever a PROPOR medidas a implementar para os 100 primeiros dias de governo!

Ah: agora não dá mais para voltar atrás e começar do zero! OK!

Não é possível só DOIS MINISTÉRIOS (os que são Normativos e os que são Executivos)? Ou algo nessa linha e os demais TODOS como Secretarias Especiais?

Resta a saída da SECRETARIA DE HARMOMIA: e aqui, creiam, não há qualquer blague!

Nos exterior, o estudo das Escolas de Samba dá o papel de PROA nos Desfiles das Escolas de Samba, para o chamado DIRETOR DE HARMONIA: existe a Comissão de Frente, a Ala das Baianas, os Passistas, os Destaques, as Alas Temáticas, a BATERIA – que tem um poder equivalente ao Superministério da Economia que subordina a tudo e a todos SEM segregar funções)…mas, sem Diretor de Harmonia…não dá!

Sem pensar antes de agir – planejando ações por DESIGN THINKING ou quaisquer outras ferramentas eficazes – e sem ter nenhum Diretor de Harmonia (não um Colegiado de Controladores que também não sabem o que se quer fazer de verdade) corre-se o risco de patinar muito até encontrar um rumo. Se encontrar…

Não basta ser “diferente do que esta aí”: pelo menos, não para quem está vendo as potencialidades do país, as demandas reprimidas que são fontes de ganho futuros muito interessantes; mas que terá que arriscar seus capitais do país e do exterior e por aqui ficar por 25, 35 anos ou mais, no âmbito das oportunidades oferecidas pelas Concessões e PPP em áreas de infraestrutura.