No discurso, a economia brasileira é uma economia liberal que luta para sobreviver, malgrado as amarras que o Estado brasileiro lhe impõe.

Todo empresário brasileiro é, por princípio, um liberal: mais liberal, só mesmo os Ministros da Economia que se sucederam desde a República Velha. De tal sorte, que um deles, ao visitar a City londrina, virou objeto de contemplação de um avô que levou seu neto a ver “como seria” um liberal no sentido inglês, coisa que já na Inglaterra dos anos 90 do século passado ninguém na verdade acreditava ainda pudesse existir…

O esquema ufanísticamente pré- keynesiano (sic) de o Estado comprar excedentes de café para regular os preços (e manter a renda e a demanda agregada) dos barões do café… a continuidade ad nausean do esquema, confundindo a intervenção do mercado com a estabilidade dos preços e criando uma cultura de proteção artificial a todos os setores da economia…a intervenção sobre os preços das exportações e importações…a administração de preços e a criação de empresas estatais para fornecer insumos básicos e intermediários ao setor privado e a proteção de setores internos sem escala e tecnologia para competir com os concorrentes externos…entre tantos outros exemplos, são meros acidentes de percurso…

Neste contexto, agora nos descobrimos desequilibrados fiscalmente (uma verdade), enredados numa economia sob recessão continuada (onde convivem inflação baixa e produto e renda fisiologicamente contraídos), e formação de capital e investimento e produtividade pífias.

Todo o MAL está na forma no desequilíbrio fiscal que tem origem primal (mas não essencial) no déficit da Previdência Social: afinal, “de quem é“ a responsabilidade por esta situação?

O primeiro culpado é sempre o maior interessado no crime que se está perpetrando: no caso, o segurado, ora bolas!

O que ele quer, afinal?

Que depois de contribuir com sua poupança própria, MAIS aquela que lhe é dada pelo seu empregador (se empregado for e o seu empregador recolher o que lhe tira do salário) e MAIS o que o governo supre indiretamente para transferir rendas para quem quase não tem a possibilidade de gerá-las, AINDA quer receber o VALOR MÁXIMO PROPORCIONAL do que contribuiu durante uma longa vida de 20, 25, 30 ou 40 anos de contribuição?

E mais: se a esposa (o) TAMBÉM teve os mesmos direitos e capacidade de contribuição, depois que UM DOS DOIS morre, AINDA quer usufruir o que os DOIS contribuíram durante TODA uma vida inteira?

E daí (sic) que o dinheiro era DELES?

O que se pensava: que o Estado iria tomar conta desse dinheiro – do qual é FIEL DEPOSITÁRIO –, criar ISENÇÕES que deveriam (sic) beneficiar os próprios contribuintes (como as escolas e saúde privadas em rede complementar à rede pública), e conhecimento, inovação e tecnologia complementar às empresas (a quem cabe o maior interesse pela ciência, a inovação e a tecnologia), entre outras tantas benesses, e AINDA POR CIMA ter gás para pagar as aposentadorias a esses crédulos?

Ademais, há a pressão de demanda das corporações extra operacionais : aquelas derivadas do próprio Estado – que nada gera em rendas e apenas as TRANSFERE entre os agentes da economia –, mas às quais se deve o cuidado do Poder de Polícia, de Legislação, da Justiça, entre outros?

Ora, é aqui que deveria emergir (ou, quem sabe emergirá) o verdadeiro empresário liberal!

Em primeiro lugar, é preciso retomar uma verdade inconveniente: o patrimônio previdenciário NÃO É DO ESTADO! É de quem contribuiu a vida inteira!

Se o Estado, em nome do que quer que tenha sido, usou esses recursos e AGORA não tem dinheiro para devolver o que recebeu a vida inteira (na mais legítima contrapartida contábil à la Frei Luca Bartolomeu de Pacioli, franciscano, da mesma ordem do Papa Francisco), há que prestar contas do POR QUE isto ocorreu e o QUÊ FARÁ para recompor o que falta aos seus contribuintes.

Em um Estado sério, isto levaria a, primeiro, verificar O QUÊ se pode fazer com o sistema que ele próprio criou, sem lastro na produção, para financiar o Sistema Próprio de Benefícios aos Servidores Públicos. E/ou, via Dívida Mobiliária de Longo Prazo e/ou via cortes e racionalização dos gastos e despesas desse Sistema, O QUÊ pode conseguir de economias para RECOMPRAR e REEQUILIBRAR o SISTEMA PRIVADO (empresas e indivíduos) de quem “apropriou” contribuições obrigatórias ao longo dos últimos anos. E não ao contrário!

Suplementarmente, verificar se o que foi dado de subsídios ao ensino, à saúde, e a outras prioridades, foi REPASSADO PARA FRENTE, ou seja, via menores preços relativos e/ou de produtos e serviços a preços menores, para a sociedade.

Em segundo lugar, que se abre uma oportunidade para que os empresários liberais criem suas PREVITECHS para “comprar” e/ou administrar para o governo, o patrimônio do imenso contingente de contribuintes e mediante ajuste atuarial de seus fluxos – e considerando quem já está e quem entrará no Sistema atual –, DESDE QUE assegurem aos contribuintes o usufruto do que contribuíram sem deságio pela inépcia da gestão previdenciária do fluxo de suas contribuições. Ou SEM DIVISÃO de prêmios previdenciários, daqueles que por acaso estão casados e se tornaram beneficiários de OUTRA POUPANÇA PREVIDENCIÁRIA LEGÍTIMA que não pode ser simplesmente “elipsada” ou “esterilizada” depois de anos e anos de contribuição.

Eis aí uma boa oportunidade para o nascimento de UNICÓRNIOS para atender à demanda latente de milhões de contribuintes que, depois dessas presepadas todas, por certo, não veem mais o Estado como agente fiduciário com a credibilidade para gerir fundos que foram tirados da sociedade e que AGORA são biodegradados para recompor o Caixa do próprio Estado.