É possível imaginar uma “saída crível” para uma economia limitada pelos estímulos que NÃO VÊM do mercado interno (teto de gastos públicos, desemprego, informalidade, inadimplência de 60 milhões de pessoas ou duas Argentinas inteiras) e NÃO VIRÃO do mercado externo (que mesmo com um câmbio de 5:1 não exportará mais, dada a incerteza de um mundo sob choque viral, mas, terá despesas de importação e de pagamento de obrigações no exterior magnificadas em seu balanço de pagamentos, no curto prazo)?

A se levar em conta o formidável conjunto de restrições formais e operacionais de toda a ordem hoje existentes, a resposta é evidentemente, NÃO!

As estratégias de ajustamento macroeconômico vigentes desde 2015 preconizam que NÃO há outro caminho a seguir.

Sem estímulos de renda vindo do mercado externo (agora imobilizado sine die), ou pela apatia de estímulos gerados por fontes internas, pelo crédito de base fiscal (à la BNDES de outrora), de gastos de investimento de um governo que deve 50% do estoque das dívidas roladas sob a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e asfixiado pela depressão em gerar liquidez fiscal primária, a resposta não poderia ser outra.

É possível um choque de investimentos com recursos internos e externos quando: não se pode (e não se deve) aumentar o endividamento público pelo elevado custo de rolagem da divida bruta interna, da ordem de R$ 120 bilhões anuais, no mínimo, e caindo, face à necessária redução nominal dos juros internos, como no resto do mundo; os recursos do exterior tendem a “sair” e não “a entrar” na economia, quer sob a forma especulativa quer sob a forma de investimentos diretos; os recursos internos devem se encolher ainda mais pelo aumento da percepção de riscos crescentes para emprestar para pessoas físicas ou jurídicas; sem contar as incertezas quadro político e institucional que já se exacerbam além do que seria recomendável num momento de crucial incerteza?

Pelos caminhos usuais, por certo que NÂO!

Há, no campo dos investimentos, uma forma de se criar mais investimento sem aumentar o volume e o custo do endividamento, tanto do setor público quanto do setor privado?

SIM! Pelo menos se conseguirmos identificar claramente as duas variáveis que devem estar presentes em qualquer avaliação de risco de investimento.

Ou seja, a capacidade de FAZER e ENTREGAR os produtos de investimento e a capacidade de PAGAR pelo uso dos fatores que se usou para realizar o produto dos investimentos.

Para o SETOR PRIVADO, isso significa que ao realizar investimentos, receberá recursos para realizar o seu CAPEX (e com ele pagará a construção de obras civis, o aluguel ou a compra de maquinas e equipamentos que utilizará na produção, pagará aos seus fornecedores de insumos de todas a ordem e pela mão de obra) segundo o cronograma da sua obra (quando a o investimento de curto prazo) OU irá contar com um fluxo de pagamentos pela realização de suas atividades de produção enquanto ele estiver investindo para realizar, manter, operar e reinvestir em um projeto de concessão plenas ou de concessão sob as modalidades de Parcerias Público Privadas, as PPP.

Os RECEBÍVEIS que irá receber num ou noutro caso, fazem parte de seu CONTAS A RECEBER: se antecipar esses recursos segundo suas necessidades de fluxo de caixa, sob os imperativos dos investimentos de curto ou médio ou longo prazos, não estará gravando o patrimônio e o capital de suas empresas e sócios, durante o ciclo de formação desses investimentos.

Ou seja: não existe uma forma de geração interna de caixa MELHOR do que aquela onde A PRODUÇÃO GERA OS MEIOS PARA O PAGAMENTO DOS FATORES UTILIZADOS NA PRÓPRIA PRODUÇÃO. Quantas arrobas ou sacas, ou quantas horas preciso gastar, ou quantos pães de queijo preciso vender para pagar o que uso na produção, os compromissos inerentes (como mão de obra) ou externos (crédito subsidiário, se necessário), e ainda trocar o trator e mesmo a SUV para a patroa?

QUEM compraria recebíveis gerados pela retomada de obras paralisadas sem impedimentos maiores dos órgãos de controle, ou recebíveis gerados por contraprestações anuais colateralizadas por Fundos Garantidores com lastro e liquidez garantida, ou por um fluxo permanente de tarifas sob bens com equivalência em energia, transportes públicos, águas ou saneamento, metros cúbicos de gás, quilo bites de imagem/voz/dados providos por meios de comunicação a serem usados pela (IoT ou IA) nas faixas de 5G, em lúmens equivalentes para iluminação pública e daí por diante?

QUEM mais cedo perceber que o rentismo já morreu (ou pelo menos, está agonizando); que aplicar em Bolsa de Valores requer nervos de aço e estoque de comprimidos tarja preta; que esses projetos que geram ativos na ponta final, têm lastro real, é como comprar bens de raiz, sendo que alguns deles ainda possuem Licenças de Concessão… recebem valores à vista pelo seu uso direto vias os consumidores de tickets de pedágio, compras de energia no sentido amplo, e daí por diante.

QUEM pode comprar esses recebíveis e colocar a mercado via cotas de Fundos de Investimento (sem “gracinhas” que não têm mais nenhum sentido como renúncia fiscal para tomadores finais: se o retorno é bom, porque ainda dá isenção fiscal que será carregada por todos, via Tesouro Nacional?) senão o Mercado de Capitais?

Há mais de 15.000 (quinze mil)!!!! Fundos de Investimento no valor de mais de R$ 3,0 (três) trilhões (trilhões!!!) carregados de moeda biodegradável (Títulos do Tesouro que irão pagar juros negativos ou juros zero daqui para a frente!!!)

O Governo – ao invés de colocar MAIS Dívida Pública – coloca na ABGF (ao invés de vender tolamente) – Licenças de Concessão e PPP, ações do BNDESPAR, os tais Fundos que quer fazer dinheiro para torrar em despesas correntes e PROVER LASTRO para essas captações sobre recebíveis futuros dos projetos de investimento;

Gera-se um fluxo virtuoso de recursos, lastreado em recebíveis que estarão gerando ativos físicos e reais (e, empregos, renda para fornecedores locais e regionais), SEM CRIAR ENDIVIDAMENTO aos agentes econômicos envolvidos!!!

Por que não?