Há algumas discussões que parecem nunca terminar: pelo contrário, viram meio-de-vida; plataformas políticas; ensejam a criação de institutos; promovem viagens e estágios para os adeptos (em processo para se tornarem simpatizantes e, quiçá, seguidores e dirigentes das seitas, digo das organizações criadas); mídia própria e complexos esquemas de representação para “fazer amigos e influenciar pessoas”…como nos anos 50 e 60 do século passado se costumava dizer, em outro contexto.

O interessante é que algumas dessas estruturas já se tornam longevas…e seus dirigentes já estão na segunda ou terceira geração…muitos deles muito bem de vida, aliás…e seus acólitos, em franco processo de descoberta (sic) e de multiplicação dos cânones e princípios que entendem como replicáveis e urgentemente (sic) necessários à sociedade…

Já os problemas e as questões a que se dispuseram a resolver…

Ou seja, tais “problemas ou distorções” parecem fruir de um estado de curiosa maturidade: ficam cada vez mais velhas do que seus seguidores…e cada vez mais se parecem com vigorosas sequoias ou baobás, ou com as velhas construções em Gizé, que parecem se eternizar com o passar do tempo!

Sinal de que OU as ações propostas e tomadas foram equivocadas, OU que foram muito mal conduzidas, OU, por fim, que não eram, por fim, nem as ações reclamadas nem as ações mais importantes a se tomar.

Há que se temer que tudo que requer todo um aparato institucional para resolver, acabe a gerar resultados sempre diferentes do que de início se pretendia.

Para não ferir suscetibilidades, são como as políticas e as ações da sociedade (pública e privada) para corrigir as desigualdades regionais de renda, no mezziogiorno italiano ou nas experiências regionais daqui mesmo.

Reformas? Desde quando são reclamadas: desde a discussão de educação que resultou na imposição da Era Pombalina, até as próximas eleições de 2024! As de renda, reforma-agrária ou do tamanho e das funções do Estado ou do pacto federativo Já se tornaram carne de vaca: a impressão que fica é que se, por um descuido, forem superadas, desempregarão um montão de gente e de interesses envolvidos em sua resolução (!)

Na pátria-mãe do patrimonialismo, da plutocracia, do “capitalismo de laços”, da meia dúzia de famílias setoriais e funcionais (e suas degenerações genéticas como as ORCRIM’s e milícias), falar de Estado e seu tamanho é cada vez mais uma piada de mau gosto!

Maior abertura da economia? Só mesmo a abertura dos portos em 1808 (camuflada para inglês NÃO VER…)

Talvez só quando o PIB do país foi o quarto do mundo (antes da virada do século XIX), nunca passamos de nosso tamanho relativo no comercio mundial (ou a média de 2%, considerada a média da soma dos fluxos de mercadorias vendidas e compradas).

Embora tenhamos tido um comportamento exemplar quanto às indenizações pagas aos donos de capitais estrangeiros que foram ou desapropriados ou indenizados com a caducidade das concessões que financiaram a primeira das três grandes fases dos investimentos em concessões na área de infraestrutura no Brasil — (ao contrário de alguns de nossos vizinhos de LATAM no processo comum de concessões outorgadas mas que, curiosamente, hoje tem a preferencia dos capitais de fora, como o Peru e a Colômbia)–, ainda parecemos representar um grade “risco” para capitais externos.

Mesmo tendo – a partir dos Anos 50 – quase 10 % do PIB gerado por investimentos diretos alemães; uma parcela maior de investimentos americanos; empresas de capital direto sueco, suíço, belga, japonês e (agora, crescentemente) chinês.

Mesmo com o tradicional parceiro da pátria-mãe patrimonialista cambaleante (o Setor Público), remanescem inúmeros setores (já quebrados ou próximos à iliquidez) que continuam fechados à participação estrangeira. Como, da mesma forma, não admitimos que esses parceiros estrangeiros sejam, principal partners nos consórcios privados de concessões e PPP.

Assim parece que o Estado é um ser ungido por geração espontânea: nasceu do éter, ou veio com os que construíram as pirâmides, como ainda querem crer alguns.

O Estado, em suas origens, foi criado pelo setor privado. Seus instrumentos fiscais foram inspirados nas relações doe senhores feudais com seus arrendatários de terras ou seus vassalos. O direito real de uso (dos reis e não da moeda brasileira), os comodatos, as cessões de uso com ou sem remuneração têm todos a origem privada. Quando a criatura tendeu se tornar maior que os criadores, criaram-se limites às ações Del Rei.

Elas só prevalecem nos desenhos originais em países onde o patrimonialismo as requer, rendadas e mal disfarçadas, por meios alegóricos, como no Brasil.

Se não, como explicar que as mesmas exigências que se fazem aos Parceiros Privados para que estes tenham o privilégio (sic) de se tornar concessionários ou participem por tempo determinado dos grandes negócios do Estado – (SIM, porque TODOS os negócios do Estado, dos sociais aos não sociais, ou dos com tarifação ou com tarifação, são sempre muitos bons e grandes negócios) –, não sejam EXIGIDAS das demais gestores da administração pública?

Ou, em outro contexto, porque há uma restrição explicita da CVM para que os Comitês de Investimento de Fundos de Privados de toda e qualquer natureza, exijam PELO MENOS, notas de rating de empresas acreditadas pelo mercado para investir em imóveis, papéis, títulos, partes societárias, recebíveis – enfim – ativos financeiros e não financeiros, de emissão de players do setor privado e não fazem a mesma exigência sobre títulos emitidos por entes governamentais?

Governos não quebram? Claro que quebram!

Para não quebrarem é preciso que o Setor Privado (empresas e famílias: não “aquelas” famílias mas, as que constituem uma identidade nas Contas Nacionais) BANQUEM a estadia na UTI ou a ressuscitação dos governos desastrosos e/ou desastrados com as finanças públicas.

Quem quer faz!

No Brasil, “não querer” parece que continua a ser o melhor e mais velho negócio no mercado: desde que com os mesmos sócios de sempre.