Duas apostas importantes foram feitas durante o período eleitoral que acabou (?) em 2014: postergar más notícias na área fiscal (macro) e na área de energia (micro) – na esfera federal – e procrastinar uma situação hídrica de grandes dificuldades que se abatia sobre os principais estados da federação, em toda a região sudeste do país.

Época de campanha política é quase sempre uma guerra: e, como em todas as guerras convencionais, a primeira grande vítima é sempre a verdade!

Mentir já custou a credibilidade e abreviou o projeto de 20 anos de partidos que agora estão na oposição: quem ficou tomado em dólar e foi surpreendido por uma desvalorização que jogou na mesma vala empresários das lojas de artigos de R$ 1,99, perueiros que compraram vans em dólar, e outros tantos que acreditavam na apreciação do câmbio.

A resposta veio nas urnas, 4 anos depois: e as rede sociais praticamente inexistiam…

Combinadas, a verdade e as urnas comete-se o tal sincericídio, que significa morrer por dizer a verdade.

O que farão os que preferiram criar as tais mentiras caridosas (sic), para encarar de novo o seu eleitorado?

Inovar na linguagem, criando novas palavras para definir velhos problemas? Ou fingir que a nova etapa é só um freizonho de arrumação para, depois, acelerar de novo o mesmo modelito estrategicamente adormecido?

O tempo dirá: até lá, fica a difícil tarefa de consistir verdades e mentiras e tentar tocar a vida, com o peso das verdades a desabar a todo o instante: ah, sim, e é proibido enrubescer ou repetir o famigerado (e elucidativo) “veja bem”…

Embora a biópsia macro ainda não esteja acabada – pois a cada dia se encontram mais cadáveres insepultos – e as realidade micro da energia e água se retroalimentem das suas próprias dificuldades – pois as empresas geradoras de água são também as maiores consumidoras individuais de energia, entre outras simetrias singulares –, como fazer com que o investidor (do país e do exterior) sublime tudo isso e volte a investir e as se reencontrar com o B do BRICS, outrora tido como o queridinho dos mercados?

E com taxa de juros reais bancadas pelo governo de 6% reais e subindo, via a SELIC tresloucada, para aplicar em projetos de investimento que o próprio governo não gosta nem de pensar que possam ter taxas internas de retorno reais dos projetos de investimento da ordem de 6% a 7% ao ano e olhe lá?

Convenhamos, é tarefa braba prá qualquer santo (ou divindade)!

O que (ainda) diferencia a situação do B dos BRICS de outras situações como os países dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e (E) Spanha) – notadamente da Grécia como sua nova configuração política – é que abstraídas as trapalhadas e as decisões equivocadas que fizeram a economia desandar aqui e lá, ainda existem perspectivas de negócios e de crescimento mais favoráveis quando se comparam as demandas e as necessidades de lá e de cá.

Até o PAC do Obama – para irrigar de renda a economia para dar uma garibada na infraestrutura americana – ou a chuva de euros para comprar dívidas do Mário Bros (BCE), são tentativas para deslocar o que o mundo todo hoje prescinde por razões nem sempre iguais mas, todas elas, convergentes: investir, investir e investir, para crescer, crescer e crescer, para pagar dívidas, para melhorar as situações fiscais e de contas correntes e (antes ou depois, não importa tanto desde que aconteça) empregar, empregar e empregar a força de trabalho (notadamente a dos mais jovens exilados precoce e sumariamente do mercado de trabalho mundial).

Daí porque se as medidas de ajustar, ajustar e ajustar não vierem acompanhadas de contraponto para investir, investir e investir, serão inócuas e trarão para os BRICS e para os PIIGS e para todos os que os financiam (e refinanciam) o que todo o esforço desde 2008 sempre temeu: uma situação pior do que aquela vivida pelo mundo, a partir de 1929.

Neste sentido, no Brasil se sabe quais setores e atividades precisam de investimentos para superar os desvãos da infraestrutura e os descalabros sociais das emendas reprimidas em áreas como saúde, educação, saneamento e meio ambiente (para ficar apenas nestas, mas sem excluir outros ativos de uso mais regional como Iluminação Pública, Transportes Urbanos, Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, entre outros).)

Daí se poder mensurar quanto em cada segmento seria gerado pelos contratos de concessões e pelas concessões sob PPP que poderiam ser firmados entre governos e a iniciativa privada (do país e do exterior – o que chamamos de DCE ou, de Direitos Emergentes de Concessão).

Levem-se esses DCE à Bolsa Mercantil e de Futuros (BM&F) e se crie para todos os que forem neles investir, construir, operar e manter, todos os incentivos que se está querendo esterilizar onde eles nada agregaram até aqui (desonerações, isenções e imunidades possíveis): como estes Contratos dos DCE ainda não existem, não têm como onerar passivos e situações atuais; como os DCE não são dívidas, mas, sim, direitos sobre receitas a serem geradas, não há impacto sobre endividamento público bruto ou líquido.

Porque se for somente pelo lado de ajustar, ajustar e ajustar vai-se apenas, encolher, encolher e encolher a base que se está contraindo do PIB e da renda nacional nos últimos 08 (oito) anos.