Como o mercado estaria projetando o futuro mais imediato da economia, se houvesse continuidade na condução (e no condutor) da política econômica?

A rigor, haveria pelo menos uma PEC de tamanho equivalente para respaldar PELO MENOS o compromisso comum das campanhas eleitorais (os R$ 600,00 do programa de complementação de renda).

A situação seria equivalente àquela de se jogar num campo molhado: os “da casa” e os “visitantes” estariam sujeitos às mesmas poças, buracos, raios e trovões. De outro lado, o mercado poderia dizer que “o técnico é conhecido e sempre jogou no nosso time”…é claro que o técnico estava sufocado pela cartolagem que terceirizou o orçamento público… ademais, poder-se-ia dar continuidade ao que ainda não havia sido de todo jogado (a venda dos ativos de toda a ordem para fazer caixa)…

A Bolsa subiria, o dólar cairia, o Sol voltaria a brilhar após a final do campeonato, e “tudo voltaria a ser como dantes no quartel (sem trocadilho) d’Abrantes…???”

Houve época em que as taxas de juros “precificavam” esses movimentos da conjuntura como nos livros textos de Economia: era o que acontecia no Brasil até antes da longa e penosa convivência com a INDEXAÇÃO DA ECONOMIA.

Com efeito, antes e depois do Plano Real; antes e depois da TJLP mais ajustada; e antes e depois de tantas coisas, os juros de curto prazo continuam a ser mais altos do que os juros de longo prazo (e ainda se discute porque não há financiamento do setor financeiro que capta recursos a juros altos de curto prazo para financiar atividades de longo prazo que não tomam taxas de juros mais altas).

Esse fenômeno – mais um daqueles que está a reclamar a vinda da NASA para estudar o Brasil e os brasileiros – gera um outro fenômeno.

Por exemplo, se o juro real acaba sendo SEMPRE um freio para alavancar investimentos, por que o mercado de renda variável e de renda futura AINDA é tão NANICO no Brasil.

“Ah, mas o capital de risco é muito mais caro no país”…

O capital de risco é caro porque a maior parte dos recursos de liquidez são drenados para o pagamento da rolagem da “sempre elevada” dívida pública , que gera os “pisos de juros” e os “pisos de retorno” para a oferta de crédito, financiamento (mercado de dívidas) e de investimento (mercado e risco) no país.

E por quê? Porque em essência, a economia não cresce.

Qual economia que não cresce: aquela economia que o mercado vê como foco em suas atividades (as 500 ou as 1.000 maiores e VELHAS EMPRESAS DE SEMPRE, as “start up” que também não aguentam o tranco da descontinuidade desse mesmo crescimento que “não cresce”).

É tão grave esta questão estrutural, que até os bancos que não se dizem bancos e as fintechs (ambos geridos com pessoal com cabeça no mercado de dívidas) também não escapam desse paradoxo.

A dívida ou o gasto fiscal (sem reforma tributária de verdade, que gere arrecadação pela e que altere tributos DIRETOS, INDIRETOS e SIMPLIFIQUE o cipoal tributário), SEMPRE irá depender do crescimento do PIB e de ajuste fiscal de CUSTOS E DESPESAS para deixar de ser o MAIOR MERCADO TOMADOR DE LIQUIDEZ para o mercado e, assim, DESCOMPRIMIR e BARATEAR a oferta de crédito para os outros tomadores, corrigindo até o viés temporal que lhe é imanente nas condições atuais.

Para que está assistindo o jogo no campo molhado, o mercado chia para deixar o jogo correr para continuar tudo na mesma. É campo molhado, esburacado mas, é campo conhecido. Daqui pouco, tudo vira jogo de solteiros e casados…e o que sobe cai sem fazer alarde.

Resta ver o mercado do lado da demanda.

Ou seja, há um mercado que já possui maquininhas para aceitar cartões de débito e crédito ou só trabalha com PIX (à vista ou parcelado): do encanador ao feirante, passando pelos piscineiros, empregados domésticos, jardineiros, prestadores de serviços de toda a ordem, a MASSA DA ECONOMIA INFORMAL que nunca será bancarizada para abrir contas e pagar o lucro e o dividendo dos banqueiros pelo lucro que vem da carteira da dívida pública e dos serviços tarifados e prestados para quem ainda vai esperar muito tempo pela inevitável desintermediação financeira.

É uma bagatela de cerca de 60 milhões de pessoas (uma Itália ou 2/3 de uma Alemanha), com necessidades e carências próprias, e que NUNCA CHEGA nem nos sites do mercado atual: aliás nestes sites se lê que o tomador deve aplicar para levar em crédito o valor que aplicou (em todo ou em parte).

Quando se pergunta o porquê…o que se diz: sabe como é, são os impostos … ou, então, a inadimplência de uns onera o crédito de outros…

Ora, impostos sobre captação e aplicação (com a exceção dos impostos sobre os lucros) são apenas recolhidos pelos bancos e repassados ao Fisco (como os impostos embutidos no que se compra no comércio ou na prestação dos serviços). E quanto ao “maus tomadores”: há quanto tempo o mercado continua a dar crédito a maus pagadores? Já não dava para ter apreendido a emprestar dinheiro?

Até que apareça quem se atreva a incorporar dos excluídos dos juros e do mercado, pelos empreendedores das futuras INVESTECHS e outros que atuem e alavanquem os mercados à vista e futuros de risco e de investimento.