Há alguns anos, em um seminário sobre mobilidade urbana, especialistas estrangeiros lamentavam a dificuldades em expandir linhas de metrô em seus países, pois seria necessário “atrair” usuários de transportes de outras modalidades da micro e macro mobilidade para conseguir o “tamanho ótimo” para fechar seus fluxos de operação e sustentar o retorno financeiro dos seus fluxos de caixa.

Na área de saúde, em um Feira Anual em São Paulo, especialistas estrangeiros citavam problema semelhante: tanto as suas redes de atendimento básico como as de alta complexidade, pagavam custos crescentes para mobilizar recursos, porque a população envelhecia; e mesmo atendendo migrantes e turistas, a receita per capita diminuía em termos absolutos.

No primeiro caso, uma autoridade pública, “travou” a tradução simultânea por alguns minutos quando afirmou que uma determinada Linha de Metrô havia MAIS DO QUE SUPERADO as estimativas de sua utilização inicial devido ao se chamava de DEMANDA REPRIMIDA!!!

Na maioria dos países mais desenvolvidos, o maior desafio dos investimentos em infraestrutura econômica (que se paga por meio tarifas) ou social e urbana e regional (que se pagam por contraprestações pecuniárias ou por um misto de tarifas e contraprestações, arrendamentos, subsídios cruzados e outras modalidades de ressarcimento), inexiste ou é residual o que se poderia chamar de “demanda reprimida”.

O maior desafio, geralmente, é reinvestir no estoque de bens de infraestrutura já existente ou prover substituições devido a avanços tecnológicos ou modernização de instrumentos de gestão.

Já o padrão brasileiro de DEMANDA REPRIMIDA em quase todo e qualquer oferta de infraestrutura econômica, social e urbana oferece uma perspectiva de crescimento vegetativo de CAPACIDADE ALTAMENTE ELÁSTICA até que o atendimento de todas estas necessidades (ou as mais prioritárias em cada uma delas) seja plenamente atingida (mesmo com os índices recentes de envelhecimento da população e queda do número de nascimentos na nossa geografia humana, fenômeno bem mais recente e em escala relativa bem menor do que observado nas economias mais maduras).

Vai daí que o TAMANHO DO MERCADO A SER SUPRIDO – mesmo considerando nossa menor renda per capita – fornece uma MASSA DE RECEITAS POTENCIAL mais do que suficiente para prover retorno à quaisquer projetos de investimento nessas áreas.

Segundo o IBGE EDUCA, com base na PNAD CONTÍNUA) há cerca de 72 milhões de domicílios residenciais no país: 85% estão ligados à rede de águas (ou seja, quase 11 milhões não são atendidos); 68% têm acesso à esgotamento sanitário ou fossa ligada à rede (quase 30 milhões não são atendidos) e somente cerca de 8,5% contam com coleta de lixo (ou seja, pouco mais de 60 milhões de domicílios não são atendidos).

Já a renda média da População Economicamente Ativa (PEA) (ou cerca de 110 milhões de pessoas) segundo a mesma fonte, está por volta de R$ 2,5 mil ao mês.

Assim, uma conta de águas e esgoto da ordem de R$ 60,00, pode gerar receita mensal de R$ 2,4 bilhões (ou R$ 288 bilhões a cada 60 meses ou R$ 8,6 trilhões em 30 anos), para um total ajustado de 40 milhões de domicílios (incorporando “gatos” e “novas ligações”).

Pode-se refinar este cálculo, por evidente, de várias formas, por certo, e se chegar à conclusão de que esta conta grosseira pode ser BEM MENOR (…ou MUITO MAIOR).

Mas, o MAIS IMPORTANTE: é que as CONTAS DOMICILIARES variam entre 5% e 20% do montante de arrecadação das empresas que podem atender À DEMANDA REPRIMIDA de águas, esgotos ou coleta de lixo: as CONTAS NÃO RESIDENCIAIS (indústrias, comércio, serviços, governos, agropecuária, agronegócio e daí por diante), respondem entre 60% a 80% da arrecadação dos empreendimentos geradores de águas e esgoto!

Ou sejam O NEGÓCIO PAGA QUALQUER ESFORÇO DE INVESTIMENTOS com o “pé nas costas…” quando há a tal da DEMANDA REPRIMIDA que tanto deslumbra quanto cria ATRATIVIDADE em quem é especialista, empreendedor, investidor ou financiador de formação de capital em bens e ativos de infraestrutura.

Assim, quem paga o capital tomado para investir ou financiar esses ativos: não são as empresas em si mesmas, apenas porque são Pessoas Jurídicas constituídas: são os SEUS NEGÓCIOS que geram a capacidade de liquidação dos recursos tomados a mercado.

À vista, ou à prazo (no mercados de futuros, via Certificados de Recebíveis Setoriais que podem ser denominados em REAIS (R$) ou denominados em suas UNIDADES DE MEDIDA, (m3, kWh, tonelada, números de leitos, km rodados, m2 de área em ativos residenciais ou galpões e outros tipos de ativos para logística, Kilobites para empresas na área de TIC e Internet das Coisas e IA, e daí por diante), para os segmentos que COMPRAM ANTECIPADAMENTE A PRODUÇÃO a ser gerada por estes ativos, já que esta oferta é suprida por contratos de 36 meses a 60 meses, a um preço negociado para atender o seu consumo de grandes unidades.

Este LASTRO DE DEMANDA REPRIMIDA pode securitizar cotas de Fundos de Investimentos, Fundos de Recebíveis, Fundos Garantidores de Liquidez em SPE de Empresas Concessionárias de Concessões Plenas ou de Concessões sob as modalidades de PPP, empresas de Arrendamento de Bens e Equipamentos a serem utilizados pelos empreendedores de Concessão, Fundos Imobiliários que ofertem os ativos de Obras Civis a serem utilizados pelas Concessões Públicas.

E este MESMO LASTRO pode inclusive ser tomado SEM A PARCERIA COM O SETOR PÚBLICO, por Empresas Operadoras Privadas ou Estrangeiras, ou por INVESTECHS focadas na formação e no financiamento destes ativos.